Este espaço partiu do reconhecimento de uma crise ecossistêmica global que exige modelos de análise e de design capazes de se adaptar à complexidade do presente. Nesse contexto, o laboratório abordou a paisagem desde sua dimensão bio-computacional, ou seja, como um sistema no qual se cruzam processos naturais com estruturas lógicas, dados ambientais, padrões auto-organizados e comportamentos emergentes. A biocomputação não é utilizada aqui apenas como uma ferramenta técnica, mas como um marco conceitual e operativo para pensar e ativar relações sensíveis entre o vivo e o artificial, o orgânico e o digital.
Por meio de simulações, registros ambientais, modelagens morfológicas e programação nodal, o laboratório buscou não apenas representar o entorno, mas interagir com ele. Trata-se de ensaiar novas formas de coabitar, onde as relações interespecíficas, os ritmos ecossistêmicos e as transformações do território possam ser observados, interpretados e reconfigurados a partir de metodologias especulativas, críticas e operativas.
Os participantes se aproximaram do desenvolvimento de simulações tridimensionais com ferramentas como Grasshopper, Blender e Unity, e criaram propostas virtuais para serem visitadas no metaverso do RealMix, onde se explora a relação entre sistemas biológicos, modelagem computacional, espacialização especulativa, noção de limite e interação entre o natural e o urbano, a partir da análise de diferentes padrões e comportamentos de espécies e ambientes.
*O Laboratório de Paisagens Bio-Computacionais foi coordenado por Nicolás Robles


_Crónicas Marchantianas
O projeto _Crônicas Marchantianas propõe um acercamento sensível à Marchantia Polymorpha, uma hepática talosa que nos convida a explorar seus modos de habitar, as táticas para a expansão de suas peles como estratégia de reconexão com nossos hábitats originais, “as florestas e a água”, em um jogo permanente de curiosidade e encontro.
Projeto desenvolvido por: Laura Carolina Triana Martínez,Bianca Sofia Pelaez Agamez, Ximena Torres, Jorge Luis, Ana Lucía, Nelson Vera e Ingrid Obando.


Roca Ulex
A Paradoxa do Ulex. Adentre em uma experiência imersiva que desafia sua percepção da natureza e da intervenção humana. A Paradoxa do Ulex te convida a explorar uma paisagem digitalizada, uma fusão entre o artificial e o orgânico. O entorno é um modelo 3D de uma rocha que, originalmente, foi um simples entulho de cimento, erodido pelo tempo até adquirir uma forma surpreendentemente natural.
Sobre essa superfície se projeta o terreno de um páramo de Bogotá, criando um ecossistema híbrido e fascinante. À medida que avança no percurso, você testemunhará uma transformação inevitável: o Ulex Europaeus (tojo espinoso), uma espécie invasora, colonizará o espaço que você deixa para trás. Cada passo é um ato de criação e mudança, um lembrete de nossa influência na proliferação dessas espécies.
Esta experiência busca questionar os limites entre o invasor e o benéfico. São essas plantas simplesmente uma ameaça, ou também agentes de adaptação e resiliência? O Ulex, em seu aparente papel destrutivo, acaba por revelar novas dinâmicas de convivência e benefícios inesperados. Prepare-se para refletir sobre o seu próprio impacto e sobre a capacidade da natureza de reescrever a sua própria história.
Projeto desenvolvido por: Laura Carolina Holguín Poveda, David Franco Gámez, Paula Alejandra Arias Buitrago e Juan Pablo Moya.


Anamnese de uma ecologia perdida
A Terra sofreu um evento catastrófico que interrompeu o ciclo da água, transformando o planeta em um deserto. Para sobreviver, a humanidade criou um organismo simbiótico chamado Geo-Marchantia, uma imensa hepática que cobre continentes inteiros. Esse novo mundo extrai água de aquíferos subterrâneos por meio de rizoides e captura água do ar com estruturas em forma de guarda-chuva.
Os humanos vivem em simbiose com esse novo mundo. Sua única missão é manter o ciclo da água, em um ritual chamado O ciclo da gema. Nesse processo, um(a) jovem se converte em uma gema, um recipiente vivo que carrega uma pequena quantidade de água purificada. O(a) jovem empreende uma perigosa peregrinação através da paisagem até chegar aonde se guarda um núcleo de gelo. Ao se unir com o gelo, o corpo do(a) jovem se dissolve em um ato de transcendência. Essa fusão provoca a liberação de uma névoa, que irriga e nutre a Geo-Marchantia. Essa névoa assegura a continuidade do ciclo e a sobrevivência da humanidade.
Projeto desenvolvido por: Milena Espinosa Manrique, Lina María González Rodríguez, Gabriela Bautista Rodríguez